Simulação da evolução urbana do Rio de Janeiro de 1560 a 2000

SÓ TINHA MORRO, MAR E PÂNTANO

Ao chegarem ao Rio de Janeiro, no século XVI, os portugueses encontraram uma cidade nada maravilhosa: feia e fedorenta, tomada por pântanos, morros, mangues e mar. E muitos insetos, naturalmente.

No amplo trecho que vai da Igreja da Candelária à Praça Tiradentes e da Rua da Assembléia à Av. Marechal Floriano havia enorme lâmina d'água que, um século depois, se dividiu em duas lagoas: da Lampadosa e da Pavuna. A esquina mais cosmopolita do Rio - Av Pres. Vargas com Av. Rio Branco - ficava no fundo d'água. Havia também as lagoas do Desterro, atrás dos Arcos, do Boqueirão da Ajuda, no lugar do Passeio Público, de Santo Antônio, atual largo da Carioca, e da Sentinela, na Cidade Nova, bem como o enorme Mangal (pântano) de São Diogo, que tomava os arrabaldes do Rio, desde o Campo de Santana à Praça da Bandeira.

O primeiro morro a ser destruído na cidade, em meados do século 18, foi o das Mangueiras, próximo aos Arcos, e seu entulho serviu para aterrar a Lagoa do Boqueirão. O próximo foi o Morro do Senado (ou de Pedro Dias), por volta de 1910. A maior parte da Lapa e da Av. Mem de Sá estão construídas onde ele existiu. Depois, chegou a vez do arrasamento do Morro do Castelo, em 1922, que muitos consideram um crime. O último dos grandes morros derrubados foi o de Santo Antonio, nas proximidades dos Arcos.

Os aterros na Baía de Guanabara tomaram impulso a partir do século 20, principalmente para atender às necessidades dos novos meios de transporte. No Centro, o aterro na Ponta do Calabouço serviu para a construção do Aeroporto Santos Dumont; em direção à Zona Sul, foram projetadas pistas de alta velocidade para automóveis (Aterro do Flamengo); na região da Gamboa e Saúde, construiu-se um gigantesco cais do porto para atender à demanda da navegação. Houve muitos outros grandes aterramentos, principalmente na Zona Norte.

Um detalhe do qual pouca gente se dá conta é o gigantismo do aterro na região na zona portuária e no bairro de São Cristóvão: no século 17 a igrejinha deste santo ficava à beira d'água e os pescadores costumavam amarrar seus barcos na porta dela; hoje, dista quase um quilômetro da baía. A igreja de Santa Luzia, no Castelo, em 1910 situava-se à beira-mar e agora, com os aterros, são 800 metros dela até a orla. Também a Ilha de Villegaignon parece ter "caminhado": em 1555, quando os franceses a ocuparam, a ilha ficava a um quilômetro e meio da Praça XV e hoje está "coladinha", ligada por uma rua, ao Aeroporto Santos Dumont. 

Destacam-se o "bota-abaixo" do prefeito Pereira Passos, em 1905, que demoliu mais de 500 prédios velhos no Centro, a construção das avenidas Rio Branco, Mem de Sá e Presidente Vargas, que exigiu a derrubada de quarteirões inteiros, do metrô e do Elevado da Perimetral sobre a Praça XV - este considerado por especialistas um dos mais graves erros urbanísticos e viários do mundo.

Nota
A montagem acima foi adaptada de imagem do site www.brazilbrazil.com , de John Arthur, um norte-americano que faz mais pela divulgação do Brasil, via internet, do que qualquer órgão oficial, seja de turismo, geografia ou história. A ele nossos cumprimentos e agradecimento.


Celso Serqueira e-mail do autor

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