A LENDA DA PEDRA DA CRUZ
Este documento foi um dos primeiros a mostrar a expansão do povoamento da cidade às
margens da Baía de Guanabara. E foi nessa orla que aconteceu a nossa história de hoje, resgatando a origem de um local que está quase esquecido dos
cariocas.
Você já ouvir falar do Engenho da Pedra? Era uma enorme fazenda que abrangia os atuais bairros de Olaria, Ramos,
Bonsucesso e parte de Manguinhos, ocupando a maior faixa do Mar de Inhaúma, entre o porto de Maria Angu (Ramos) e a Ponta do Caju. O engenho era
favorecido pelos rios Faria e Timbó para navegação e irrigação das lavouras. O nome "da Pedra" refere-se a uma certa rocha no mar (uma laje), indicada por João Teixeira Albernaz no mapa acima e que era
utilizada como referência à localização do engenho. Essa pedra existe ainda hoje, no canal entre o litoral de Ramos e a Ilha do Governador. Geração após geração, desde meados do século
18, os pescadores da
região vêm repassando a lenda da laje, que também ficou conhecida como "Pedra da Cruz". Eles contam que nela havia uma cruz de ferro de um metro de
altura, colocada pelos pescadores como marco de um naufrágio que aconteceu no regresso de um casamento realizado na Igreja da Penha. Um temporal surpreendeu os navegantes nesse terrível canal
marítimo. A preamar havia ocultado algumas pedras, submergindo-as, e o barco foi de encontro a elas, afundando. Morreram os noivos e os convidados,
salvando-se somente um remador, que narrou a tragédia. Em 1638, as terras do Engenho da Pedra foram designadas como fazenda e abrigavam também uma capela dedicada a Santo Antônio. Da antiga
casa-sede restam algumas ruínas, que foram ocupadas pela Favela da Igrejinha, na elevação onde está a Igreja de N. Sr.ª da Conceição de
Ramos.
Notas 1) o círculo vermelho no mapa
acima indica a Pedra da Cruz 2) mapa aguarelado,
com toques a ouro, sobre papel encorpado - 25x37 cm - in Livro de Toda a Costa da Provincia de Santa Cruz, 1666
Celso
Serqueira | |
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