Conde D'Eu e Caxias inspecionam a tropa brasileira formada por macacos

- charge de jornal paraguaio, 1868

Paraguai, o futuro que destruímos (parte 2 de 4)

Tanta ousadia teve o seu preço político. Aos poucos, surgiu uma grande oposição fora do Paraguai, promovida nos bastidores pela antiga elite desterrada, a Igreja e os dirigentes das nações vizinhas, particularmente a Argentina e o Brasil. 

Os paraguaios viviam parcialmente isolados em sua "ilha de prosperidade", pois sofriam o boicote dos países vizinhos - um bloqueio comercial disfarçado. Por exemplo, havia grande dificuldade para exportarem sua produção agrícola - os principais produtos eram o fumo e a erva mate - uma vez que dependiam do Rio da Prata, dominado pelos poderosos mercadores de Buenos Aires. 

Mesmo assim, a "nação guarani" continuava progredindo. O enfraquecimento da Igreja, a organização de uma estrutura militar e a elevação do padrão de vida garantiam o apoio popular ao governo, que era exercido por presidentes em regime ditatorial. A criminalidade havia praticamente desaparecido e os paraguaios de origem índia - 80% do povo - desfrutavam dos mesmos direitos civis da população branca.

Nesta época, a Inglaterra era a nação mais forte do planeta e, à exceção do Paraguai, todas as ex-colônias importavam produtos ingleses e apanhavam empréstimos em seus bancos. O desenvolvimento industrial e a independência financeira dos paraguaios colocavam em risco os interesses ingleses e sua hegemonia capitalista no continente sul-americano. 

Foi então que, em 1864, ampliando o boicote já existente, os britânicos recorreram aos seus "parceiros" Argentina, Brasil e Uruguai para que formassem a Tríplice Aliança e derrubassem o governo paraguaio, chamado por eles de "abominável ditadura". O acordo foi celebrado em Buenos Aires, sob a orientação de um representante inglês. A armadilha estava pronta.

(continua...)
Celso Serqueira e-mail do autor

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